28.7.09


* A Tupi TV nada mais é do que a “nova” marca da TV Mundial, que já foi TV CBS, que dedica praticamente toda a programação à exibição de clipes.
Está no ar a TV Tupi!
Quem imaginou que nunca veria a TV Tupi, se enganou. Infelizmente, não se trata da volta da pioneira, mas da consolidação de um boato relativamente antigo: a transformação da TV CBS em TV Tupi.
De acordo com informações de Wladimir Rudovas, postadas na comunidade da TV Tupi no Orkut - na comunidade da “verdadeira” -, desde 03 de fevereiro a TV Mundial, ex-TV CBS, passou a se chamar Tupi TV. Ao fazer uma busca no Orkut, aparecem duas comunidades sobre “nova” TV Tupi: “TV-TUPI MUNDIAL. ÚNICA OFICIAL” e “COM OFICIAL- TV TUPI”. No Google, achei um post do Vcfaz.net confirmando a mudança; o artigo sobre a TV Mundial na Wikipédia também confirma.
A programação continua a mesma: nada, só um vitrolão de clipes, como é desde quando tinha algum sinal no canal 52 em São Paulo.
O site da Rede Mundial de Comunicação continua em construção, com link para o site da TV Mundial, também em construção, onde não consegui ver a programação ao vivo.
Já imaginava que a antiga Rede CBS não desistiria da ideia de transformar seu canal de TV em Tupi, como já faz com rádios AM e FM.

O Jornal Nacional, depois me diga por quê, está concorrendo pela 5ª vez em sete anos ao Emmy Awards, o maior prêmio da televisão mundial. Tudo bem que o JN é referência em jornalismo no Brasil, mas das três uma: ou é verdade, ou não procuramos direito, ou fingimos que não estamos vendo jornais melhores na tevê brasileira. A própria Globo tem formatos melhores, como o Bom Dia Brasil.Mas se a Academia, seguindo a tendência dos brasileiros, escolheu o Jornal Nacional para finalista, nós nos resta ter calma. Se não ganhou em 7 anos, quando era exatamente igual ao que era hoje (inclusive apresentadores e cenário), vai ganhar o Emmy agora?

25.7.09

TV JB -A Tv de Vida Mais Curta do Mundo!!!





Foi, provavelmente, a emissora brasileira com vida mais curta. Começou suas transmissões no dia 17 de abril, pela CNT, e terminou no dia 17 de setembro, pela Rede Brasil. A TVJB, na sua curtíssima existência, desmentiu a máxima de que tudo que é bom dura pouco. Primou por uma grade confusa - as mudanças eram constantes - e por som e imagem inferiores às suas concorrentes. A programação ia de 18h à meia-noite e entre as atrações estavam a fraca novela "Coração navegador", o "Telejornal Brasil", de Boris Casoy, o show de variedades "Ney e Nani", com Ney Gonçalves Dias e Nani Venâncio, um talk show com Augusto Nunes e um programa do deputado, costureiro e apresentador Clodovil, entre outros. A TVJB passou para a Rede Brasil, em UHF, no dia 10 de setembro, sem que as razões do fim do acordo com a CNT, que reassumiu todos os horários do canal, fossem divulgadas. Uma semana depois, a TVJB saiu definitivamente do ar.

A Viagem Definitiva de Eduardo Campos




Morreu 19 de setembro de 2007 em Fortaleza o diretor-presidente da Ceará Rádio Clube e membro do Condomínio Diários Associados, Manuel Eduardo Pinheiro Campos (85), natural de Guaiúba (Região Metropolitana de Fortaleza). Radialista, jornalista, escritor, teatrólogo e um dos homens fortes da Rede Tupi (TV Ceará - Canal 2), Eduardo Campos.Campos era o diretor-presidente da Ceará Rádio Clube e membro do Condomínio Diários Associados.
Leia a notícia completa abaixo:
Cearense, radialista, jornalista, escritor, teatrólogo e pesquisador, Manuel EDUARDO Pinheiro CAMPOS faleceu aos 84 anos, em 19 de setembro de 2007, devido a complicações de um Acidente Vascular Cerebral.
Atuante na literatura, dramaturgia e jornalismo, seu itinerário conta com mais de 70 livros publicados, ocupando assim a honrosa posição de segundo lugar em número de publicações dentre escritores cearenses, atrás apenas do prolífero Gustavo Barroso.
Foi autor de alguns dos mais célebres textos do teatro cearense, sendo detentor das peças mais representadas no Ceará, a citar O Morro do Ouro, A Rosa Lagamar, A Donzela Desprezada e Nós, As Testemunhas; além de textos dramáticos para a televisão como As Tentações do Demônio, O Amargo Desejo da Morte e A Morte Prepara o Laço, todas apresentadas na TV Ceará, Canal 2, de Fortaleza criada por ele.
É lembrado por ter sido um intelectual criativo, com atuações diversas - socioculturais, classistas, comunitárias e no setor público, e também por sua simplicidade no trato com os amigos e por seu elevado grau de ponderação em situações conflituosas.
Notabilizou-se como homem das letras - contista, dramaturgo, folclorista, romancista e estudioso das coisas e de sua terra, deixando enorme legado de textos com a expressão de seu louvor pelo Ceará. Deixa um último presente para o seu estado natal: como Presidente do Instituto Histórico do Ceará, preparava o memorial do Barão de Studart, espaço interativo de reflexão sobre a instituição e a cidade de Fortaleza.
Com a sua morte, desaparece um dos últimos integrantes da primeira onda do Grupo Clã de Literatura e Arte - o grupo literário mais importante da história das letras do Ceará, bem como da cultura acadêmica, fundado por ele na década de 40.
Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Ceará e bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais.
Foi Presidente da Academia Cearense de Letras; idem da Academia Cearense de Retórica; idem da Comissão Cearense de Folclore; idem do Conselho Estadual de Cultura; fundador da Associação Cearense de Emissoras de Rádio e Televisão e seu primeiro presidente; Secretário de Cultura em dois Governos do Estado do Ceará; Diretor dos jornais Correio do Ceará e Unitário, Rádio Araripe e TV Ceará Canal 2.
Homem muito ativo, trabalhou até seus últimos dias como Membro da Comissão Executiva do Condomínio Acionário das Emissoras e Diários Associados, e seu Diretor-Cabecel; Diretor Presidente da Ceará Rádio Clube; Presidente do Instituto Histórico, Geográfico e Antropológico do Ceará; Presidente do Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas do Estado do Ceará; Presidente do Sindicato das Empresas Proprietárias de Emissoras de Rádio e Televisão de Fortaleza; e Presidente da Associação de Assistência à Maternidade-Escola Assis Chateaubriand.
O Diário do Nordeste em sua edição de 16/09/2007 diz sobre Eduardo Campos: Embora não tenha alcançado notoriedade no resto do Brasil, no restrito espaço da crítica literária, Eduardo Campos tem seu nome gravado em alguns importantes compêndios de História da Literatura. Assim, está presente em A Literatura no Brasil, de Afrânio Coutinho, pelo menos no ensaio de Herman Lima: 'folclorista de altos méritos, tem, naqueles livros (refere-se aos três primeiros da bibliografia do contista), alguns contos regionais e psicológicos da melhor marca.


A pré-estréia da Televisão no Brasil ocorreu no dia 3 de abril de 1950, com a
apresentação de Frei José Mogica, padre cantor mexicano. As imagens foram apresentadas nos
Diários Associados, em São Paulo, uma empresa que incorporava vários jornais, revistas e
emissoras de rádios. Outro episódio que marcou esse período de origem do veículo de
comunicação aconteceu no dia 10 de setembro do mesmo ano quando fora realizada uma
transmissão pela TV Tupi ainda em sua fase experimental, o conteúdo exibido era um filme onde
o ex-presidente brasileiro Getúlio Vargas relatava seu retorno à vida política.
Segundo Vera Íris Paternostro (1999, p.28) através do paraibano Francisco de Assis
Chateaubriand Bandeira de Melo, dono dos Diários Associados e que construíra o primeiro
império de Comunicação do país, no dia 18 de setembro de 1950, inaugura oficialmente a TV
Tupi canal 3 de São Paulo, conhecida inicialmente como PRF-3 TV Difusora. Uma célebre frase
é dita por uma jovem criança de cinco anos de idade: "está no ar a televisão no Brasil". A garota
vestida a caráter e em seguida destacava-se o logotipo do canal na figura de um pequeno índio.
O paraibano com o objetivo de aumentar o seu conglomerado do Diário Associados e
como na época o equipamento não era produzido no país, toda a aparelhagem teve de ser trazida
dos Estados Unidos. Junto de seus funcionários, foi buscar todos os equipamentos que chegaram
por navio no porto de Santos no dia 25 de março de 1950, no litoral do Estado de São Paulo. Os
equipamentos eram todos encomendados da Rádio Corporation of America (RCA). E o primeiro
programa transmitido foi TV na Taba, com a duração de duas horas, apresentado por Homero
Silva e a presença de vários artistas.
No ano seguinte já existiam mais de sete mil aparelhos, e a TV começa a ser utilizada
como veículos publicitários, em 1954 existem 12 mil aparelhos. Ainda na década de 50, são
inaugurados a TV Paulista, a TV Record (primeira emissora a ser inaugurada especificadamente
para a televisão), TV Rio e TV Excelsior. Já em 1960, inaugura-se a TV Cultura de São Paulo,
que mais tarde em 1965, é vendida para o governo do Estado, nesse mesmo ano é inaugurada a
TV Globo de Televisão. 11 Paternostro (1999, p.29) cita “A programação das emissoras seguia,
então uma linha de elite com artistas e técnicos trazidos do rádio e teatro.Entrevistas, debates,
teleteatros, shows, música erudita, eram as principais atrações.”
Conforme ainda Paternostro primeiro telejornal veiculado no Brasil foi exibido pela TV
Tupi. Denominado “Imagens do Dia”, o telejornal foi ao ar em 19 de setembro sem horário fixo,
geralmente indo veiculado às 21h30min ou 22h00min horas. As matérias eram filmadas com
película de 16 milímetros e muitas vezes tinham de ser revelados e levados de avião para São
Paulo ou Rio de Janeiro, quase sempre chegava em cima da hora da exibição. Mas, o primeiro
telejornal de sucesso foi o Repórter Esso teve início em 1953 e durou quase 20 anos, também na
TV Tupi, emissora que levou a primeira telenovela ao ar em 1951, “Sua vida me pertence”.
A audiência não chegava a ser significativa, pois todas as televisões tinham de ser
importadas de outros países e chegavam com um valor alto para a aquisição. Mesmo assim,
Chateaubriand conseguiu vender um ano de espaço publicitário para algumas empresas, e a
programação era baseada na cultura americana.
O primeiro teleteatro estreou em novembro daquele ano. “A Vida por um Fio” fora
baseado no programa norte-americano chamado “Sorry, Wrong Number” e constituia um drama
policial com Lima Duarte, Lia de Aguiar, Walter Forster, Dionísio Azevedo e Yara Lins,
contando a história de uma mulher estrangulada pelo marido com um fio de telefone.
Em seus estudos Paternostro, evidencia que ao longo de décadas vários novos gêneros
foram incluídos na programação, como a telenovela, os seriados, os programas de auditórios a
modelos dos veiculados pelas TVs americanas. Daí os anos 60 consolidam a TV no Brasil, e
chega no país o videoteipe (VT), a TV Excelsior aproveita para lançar as novelas diárias,
entretanto a Tupi não fica continua lançando em 1964 a primeira telenovela de sucesso O Direito
de nascer.A TV Record explode com os musicais, e a TV Rio entra na briga pela audiência com
programas de shows e humorísticos.Entretanto em 1965, surge a emissora das Organizações
Globo, do Rio de Janeiro, que se transformaria em uma das maiores redes de televisão do mundo.
Já durante a década de 1990, em detrimento do crescimento da violência nas grandes
cidades brasileiras, a programação da TV no fim da tarde começou a ser tomada pelos programas
de jornalismo sensacionalista. O primeiro foi o “Aqui Agora” exibido pela Rede Record.
Inspirado neste, surgiram o “Cidade Alerta” da Rede Record de Televisão; o “Brasil Urgente” da
Rede Bandeirantes e o “Repórter Cidadão” da REDETV.
Quanto à programação infantil, convém observarmos os programas precursores deste
gênero, pois antes do advento de artistas infantis como Mara Maravilha, Xuxa e Angélica,
conhecidas na atualidade, a TV Tupi importava do rádio o primeiro programa do gênero da
televisão brasileira, o “Clube do Guri”, originalmente chamado de Gurilândia passou a ser
veiculado no ano de 1955. O programa perdurou 21 anos chegando ao fim em 1976, relacionava
crianças-prodígio e mães-corujas vigilantes. As principais atrações do programa eram crianças
exibindo seus talentos particulares como cantos, declamação de versos de Castro Alves e canções
com instrumentos musicais. Entretanto, o mais famoso programa infantil da televisão brasileira
foi o Sitio do Pica-pau-amarelo que teve estréia em 1951 e durou até 1963 na TV Tupi e de 1976
a 1986 na Rede Globo, e desde 2000 tem nova adaptação pela Rede Globo.
Mais tarde, a TV Tupi também emplacou com outros sucessos infantis, como o
“Teatrinho Trol” exibido de 1956 a 1966 e o “Capitão Aza” iniciado em 1966 e veiculado até o
ano de 1979. Este último, além de suas atrações próprias, apresentava desenhos como Speed
Racer e Corrida Maluca, além de outros clássicos como A Feiticeira e Jeannie, provavelmente
iniciando o formato de programa infantil que apresentava desenhos animados e que perdura até
hoje com algumas alterações. 12
A segunda geração dos programas infantis na televisão brasileira ficou a cargo da Rede
Globo, responsável pela produção de célebres programas infantis como “Capitão Furacão”
veiculado de 1965 a 1969 e repercutido Vila Sésamo, entre outros. Além dos programas com as
apresentadoras infantis a partir de 1980 que se tornaram a marca registrada da televisão moderna.

Texto selecionado, com adaptações, do livro "Muito Além do Cidadão Kane", de Geraldo Anhaia Mello baseado no Documentário da BBC de Loncres, " Rede Globo, Beyond the Citzen Kane " A TV Globo foi ao ar no Rio pela primeira vez em 26 de Abril de 1965, pouco mais de um ano após o golpe militar. Roberto Marinho era o dono da emissora. Seu pai havia fundado o jornal O Globo em 1925, mas morreu logo depois. Seus filhos herdaram o jornal. Aos 26 anos, em 1931, Roberto Marinho tornou-se diretor do jornal. Na década de 40 ele deu início às transmissões da Rádio Globo. Marinho obteve sua primeira concessão de TV em 1957, do presidente Juscelino Kubitscheck, cujo governo ele apoiava, e a segunda do presidente João Goulart, cujo governo ele ajudou a derrubar... Em 1962 Roberto Marinho assinou um contrato de colaboração entra a Globo e o grupo Time-Life. O acordo parecia ir contra a lei brasileira, na medida em que dava a uma empresa estrangeira interesses em uma empresa nacional de comunicações. Mas o acordo deu vantagens decisivas a Roberto Marinho. Vantagens da ordem de seis milhões de dólares, enquanto que a melhor emissora do grupo Tupi tinha sido montada com trezentos mil dólares. Os primeiros oito meses da TV Globo foram um fracasso evidente e então Walter Clark, à época com 29 anos, foi contratado para dirigir a emissora. Foi ele o arquiteto do incrível sucesso da Globo [e mais tarde, foi queimado por conta dos ciúmes de próprio Roberto Marinho, que não admitia ninguém da administração da emissora que fosse mais famoso que ele].. Quando o segundo presidente militar, marechal Costa e Silva assumiu em 1967, o breve “Milagre Econômico Brasileiro” teve início. O pensamento econômico do regime era surpreendentemente simples: “ Que os ricos fiquem cada vez mais ricos, para que graças a eles os pobres fiquem cada vez menos pobres. ” A ditadura deu prioridade ao desenvolvimento de um moderno sistema nacional de telecomunicações, criando um ministério e viabilizando a compra de televisores a crédito. Os objetivos definidos foram, para variar, segurança nacional e integração... “Todos poderão ver a Copa do Mundo.“ Chico Buarque comentou: “Era televisão e futebol. Construíram estádios e essa rede impressionante de telecomunicações por todo o Brasil, e ao mesmo tempo uma degradação crescente em termos de educação e saúde. Tudo isso foi descuidado.” No final dos anos sessenta o video-tape e as redes nacionais se uniram para destruir a produção local de programas, com toda a programação sendo realizado no Rio e em São Paulo. A resistência à ditadura militar chegou às ruas em 1968 quando cerca de cem mil pessoas, em sua maioria estudantes, fizeram grandes manifestações no Rio de Janeiro. No final de 68, pressionado pela crescente oposição, o regime militar assumiu poder ditatorial total, através do infame Ato Institucional 5. O congresso foi fechado e a tortura virou uma rotina. A censura prévia aos meios de comunicação de massa foi instituída. Parte da esquerda optou heroicamente pela luta armada e seu sucesso mais espetacular foi o seqüestro do embaixador americano, forçando o governo a libertar vários presos políticos. Após investigações parlamentares, que concluiu que o acordo Time-Life e Globo eram ilegais, a parceria foi dissolvida em 1969. Roberto Marinho ficou com total controle da TV Globo, enquanto suas concorrentes Tupi e Excelsior continuaram seu lento declínio. (Nota: A Time-Life ainda tem uma parte na Rede Globo. Este cancelamento de contrato provavelmente não existiu. A Time não iria desfazer o acordo sem um ressarcimento do valor investido.) A Globo centralizou todas as suas produções no Rio de janeiro após um incêndio que destruiu suas instalações em São Paulo. Com o [providencial e bem-vindo] dinheiro do seguro um impulso decisivo foi dado para a construção de uma poderosa rede, com o apóio do Regime. O primeiro telejornal a atingir praticamente todo o território brasileiro foi o Jornal Nacional, apresentado pela primeira vez em 1º de setembro de 1969. Assim nasceu a rede. A Excelsior havia sido a única empresa de televisão a se opor ao golpe militar de 1964 e os militares não se esqueceram disso. Em 1970 o governo cancelou sua concessão... No início dos anos setenta o novo governo, do general Emílio Médici lançou uma campanha maciça com slogan: “Brasil, ame-o ou deixe-o”. Qualquer reportagem negativista era proibida. Qualquer crítica persistente também. A lista de assuntos proibidos era imensa. Às vezes uma ordem para suspender a publicação de uma notícia chegava antes dela acontecer. Por exemplo: “O senhor está proibido de noticiar um seqüestro que acontecerá amanhã em Curitiba...” A TV Globo foi muitas vezes além do que era requisitado, transformando pessoas em não pessoas... Em 1981 uma bomba explodiu em um carro no estacionamento de um centro de convenções, onde um grupo de rock tocava para cerca de vinte mil pessoas. Os militares disseram que a bomba havia sido colocada por extremistas de esquerda, mas a explosão foi comprovadamente no colo de um soldado, que morreu dentro do carro de um outro militar, que ficou gravemente ferido na explosão. Na primeira edição do noticiário da Globo via-se claramente uma outra bomba, não detonada, dentro do carro. Quando a notícia foi ao ar novamente, a Segunda bomba havia desaparecido na edição. Para sempre. Em 1972 o então presidente Médici inaugurou a televisão em cores em um grande festival, dizendo: “Sinto-me feliz todas as noites quando assisto o noticiário” ”Por quê?” “Porque no noticiário da TV Globo o mundo está um caos, mas o Brasil está em paz... É como tomar um calmante após um dia de trabalho...” A chegada das cores consolidou a superioridade da TV Globo. Na definição da própria emissora foi instituído o “Padrão Globo de Qualidade”. Os espectadores salivavam e sentavam-se em frente a seus aparelhos ao ouvir o plim, plim anunciando o próximo programa Global. Em 1977, Roberto Marinho demitiu Walter Clark, naquela época o executivo mais bem pago da América Latina. Walter Clark foi substituído pelo controlador de programação conhecido por Boni. Enquanto isso, como a própria Globo mostrou, a repressão não havia diminuído. Nem mesmo jornalistas foram poupados. Em 1975, Wladimir Herzog, chefe do jornalismo da TV Cultura de São Paulo, foi preso, tendo morrido horas depois em um quartel. Ele havia sido torturado. A polícia divulgou uma foto, tentando convencer a opinião pública de que ele havia se suicidado. A notícia de sua morte não foi divulgada na televisão, mas apareceu nos jornais e milhares de pessoas se reuniram na praça da Sé para protestar contra o assassinato. Em 1979 o general Figueiredo tornou-se o quinto e último (graças a Deus) presidente militar. Ele prometeu a abertura do país para a democracia (desde que controlada pela eleite de sempre, é claro). Em 1980 a TV Tupi acabou falindo e sua concessão foi cancelada. Durante as duas décadas da ditadura militar no Brasil, Roberto Marinho ficou riquíssimo e era talvez o civil mais poderoso do país. Com o fim do regime militar seu domínio cresceu ainda mais, além de qualquer regulamentação ou controle. A TV Globo não perde nenhuma oportunidade para anunciar outros produtos das organizações Globo. 30% da receita da gravadora de Roberto Marinho vêm dos discos de Xuxa e a maior parte restante da venda de trilhas-sonoras de novelas, com muitos sucessos norte-americanos. Sem contar com a apresentação de merchandising nas novelas que chega a ser espalhafatosa. Roberto Marinho é um dos três bilionários brasileiros com negócios em todas as áreas econômicas. Ë odiado no mundo, mas muito temido no Brasil, pelo fato de controlar milhões de brasileiros através do vicio global. Na iminência da volta de um presidente civil ao comando do país, Roberto Marinho apoiou o candidato Tancredo Neves, um velho e respeitado estadista, membro da oposição à ditadura militar. Quando Tancredo derrotou o candidato dos militares, por esmagadora maioria no Colégio Eleitoral o Brasil exultou de alegria. Os generais haviam desaparecido, es expectativas eram muito grandes. Horas depois da sua eleição, Tancredo almoçava com Roberto Marinho. Uma conversa particular apenas noticiada pelo O Globo, jornal do anfitrião. Antônio Carlos Magalhães também participou do almoço. Ex-Governador da Bahia e aliado importantíssimo da vitória de Tancredo, ACM é um velho amigo de Roberto Marinho. Logo depois Tancredo anunciou que ACM seria seu ministro das Comunicações. Tancredo morreu antes de assumir a Presidência da República e as imagens da Globo expressaram toda a angústia da nação. Ele foi substituído por José Sarney, um membro fundador do partido pró-governista militar. Um político com pouco carisma. Sarney confirmou ACM como Ministro das Comunicações. Um dos principais fornecedores de equipamentos de Telecomunicações para o governo era a NEC Brasil, de propriedade do empresário Mário Garnero, e sua financiadora Brasilinvest, juntamente com a matriz japonesa. A Globo se prevaleceu das dificuldades da NEC do Brasil, que foram dificuldades criadas pelo ministro das Comunicações, ACM. Ele suspendeu os pagamentos e as encomendas à NEC e ela praticamente vivia do que fazia para o governo. Sem essas encomendas, sem esses pagamentos, a NEC valia muito pouco, e a Globo por isso mesmo pagou menos de um milhão de dólares pela NEC. Mas logo em seguida, ACM restabeleceu os pagamentos e as encomendas – que eram a razão de ser da NEC – ela já passou a valer, segundo uma avaliação dos próprios japoneses, 350 milhões de dólares. Embora os custos reais para a Globo sejam obscurecidos por meio de complexas transferências de ações, é vidente que um lucro considerável foi obtido. A TV Aratu, em Salvador, Bahia, era afiliada à TV Globo há 18 anos. Roberto Marinho, em uma atitude unilateral inédita, encerrou o contrato da TV Aratu com a Rede Globo, em 1987, o que ocasionou uma queda de 80% na arrecadação daquela repetidora. A nova emissora escolhida para repetir os sinais da Globo foi a TV Bahia, controlada por associados e parentes de ACM, àquela época Ministro das Comunicações, e com intenções a voltar a governar a Bahia. Durante o governo Sarney ficou difícil para a Globo mostrar sua independência. A ditadura militar havia acabado e a emissora custava a recuperar uma imagem de jornalismo independente. A Globo optou por recuperar alguns dos artistas que baniu durante anos. Chico Buarque comenta: “Hoje em dia existe um tipo de censura econômica muito importante. Por exemplo: um artista que queira cantar num dos vários programas de variedades – pois não há programas musicais – ele ou a sua gravadora tem que pagar à TV Globo para poder aparecer. Ou seja, os profissionais de música pagam a TV Globo para trabalhar para ela.” Os telejornais da Globo não podiam mais ignorar os protestos sociais. Algumas manifestações contra o governo foram apresentadas. Mas os jornais da Globo tinham uma maneira toda especial de apresentar os fatos. A Globo sempre abria o jornal com o locutor dizendo assim: “Índice mensal da inflação foi de 40%. Caderneta de Poupança vai render 40%”. Quer dizer, ela tirava o peso negativo do índice da inflação, e transformava em uma coisa positiva. Logo, os jornais da Globo iriam adquirir extrema maestria para maquiar os fatos da realidade nacional, em especial quando isso é de seu interesse político e financeiro, no contexto de superficialidade que marca, por exemplo, as edições do Jornal Nacional, carro chefe do telejornalismo global... A nova Constituição Brasileira tirava do presidente o poder de dar novas concessões de rádio e TV. Então, antes que ela entrasse em vigor, Sarney deu noventa concessões. Desde então nenhuma outra concessão foi dada. Essas concessões foram dadas principalmente para grupos políticos, sem contar com as duas que o próprio Sarney ficou e que acabaram virando afiliadas da Globo.
*Publicado por Dhuvi-Luvio 8:25 PM